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Mistura de tomate, vinagre e sal elimina pelos de forma permanente?

9 Set 2023 - 08:00
falso

Mistura de tomate, vinagre e sal elimina pelos de forma permanente?

Circula no TikTok uma receita (supostamente) milagrosa que promete acabar “permanentemente” com os pelos, “em apenas um mês”, e “obter pernas ultra macias”. 

Segundo o autor do vídeo, deve-se ralar um tomate, filtrar o seu sumo, adicionar “duas colheres de sopa de vinagre”, “uma colher de sopa de sal” e misturar. Depois, aconselha-se a mergulhar algodão na mistura e a esfregar “o algodão na área onde se deseja livrar dos pelos em excesso”. 

O objetivo é continuar a esfregar “por um minuto até que a mistura seja absorvida pela pele”, deixá-la durante uma hora e só depois lavar.

Na mesma publicação assinala-se que esta máscara caseira deve ser aplicada depois de todas as vezes que se faz a depilação. No final do vídeo, garante-se que, “após a primeira utilização, apenas alguns pelos voltarão a crescer” e que, “com a repetição desta receita, os pelos não voltarão a crescer”. Mas será este método eficaz?

Aplicar na pele uma mistura de tomate, vinagre e sal elimina os pelos?

Em declarações ao Viral, Luís Uva, dermatologista e Diretor Clínico da Personal Derma, adianta que não existe evidência científica que prove a eficácia deste método. Nem a mistura, nem os alimentos em si ajudam a erradicar os pelos ou a impedi-los de crescer.

O médico assinala que o tomate e o vinagre podem até “ter alguns benefícios para a pele”, mas não têm o efeito anunciado na publicação.

Por um lado, “o tomate é um antioxidante e acaba por, em alguma quantidade, dar um aspeto mais saudável à pele”. Além disso, “pela quantidade de água que tem, também contribui para a hidratação da pele”, acrescenta.

Por outro lado, o vinagre “é antibacteriano” e “pode ser antifúngico também”. Apesar de poder ajudar a manter uma pele saudável, é necessário ter alguns cuidados, como “diluí-lo nas quantidades adequadas”.

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Apesar dos potenciais benefícios destes alimentos, não se deve aplicá-los sem o conhecimento de um médico. As grandes consequências que advêm da aplicação deste tipo de receitas, segundo Luís Uva, são “as reações alérgicas aos seus ingredientes”.

Sendo “ácidos”, podem causar alergias, “principalmente em pessoas com a pele mais sensível”, reforça o dermatologista. 

O médico salienta duas possíveis complicações no seguimento destes métodos: “pode originar uma dermatite de contato irritativa, ou seja, devido à acidez, há uma irritação na pele” ou “pode originar uma dermatite de contato alérgica, por alergia a alguns desses constituintes”.

Qual o método de depilação “permanente” mais eficaz?

“A forma mais eficaz de eliminar os pelos é através de lasers”, informa o diretor clínico da Personal Derma. De modo geral, “os lasers têm vários comprimentos de onda, que afetam o pelo a diferentes níveis”. 

No entanto, hoje em dia, já existem “máquinas que, em vez de terem um laser de Alexandrite, ou de Neodímio Yag, ou um Díodo (que são os lasers mais comuns para fazer a depilação), têm “todos esses comprimentos de onda”, explica.

Isso não só “vai atacar o pelo a todos os níveis”, mas também tornar o processo mais confortável, pois não dói tanto fazer laser

“Ao disparar três ou quatro ondas ao mesmo tempo, a energia utilizada é menor” e, assim sendo, “a dor também é muito menor”, esclarece.

Através deste método de depilação, “há pessoas que ficam com zonas mesmo sem pelo”. Contudo, também “há casos em que não conseguimos destruir por completo o folículo piloso, mas o pelo fica muito fraco, ou cresce muito devagar”, destaca.

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Na perspetiva de Luís Uva, “o ideal é fazer o máximo possível de sessões de laser e ver como funciona para cada pessoa”. Depois, “pode-se fazer uma manutenção”, que até pode ser feita com um método de depilação que não o laser. 

“Vai depender se compensa continuar a fazer laser”, destaca o médico. Isto porque, “quanto maior e mais escuro é o pelo, mais fácil é para o laser atingir o alvo, porque reconhece aquela cor”. Assim, “quando o pelo é muito loiro, branco, ou já está muito fino, vai ser mais difícil para o laser atingir esse alvo, porque já não é tão reconhecível”. 

Nestes casos, clarifica, aconselha-se uma manutenção convencional que não será muito recorrente, pois os pelos crescem de forma muito mais lenta.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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9 Set 2023 - 08:00

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